Não volto
Não. Já não quero. Seria incorrecto da minha parte voltar à estação para apanhar o mesmo comboio. O mesmo comboio que me levaria a lado algum. Andaria às voltas, embriagada numa loucura desmedida sem qualquer rumo, qual montanha russa retornando ao ponto de partida. Não. Não vou gastar os carris até o comboio voltar a parar, aliás como parou outrora. Lembro cada viagem com carinho. Algumas até com nostalgia e saudade. Olhos marejados, coração acelerado... Cresce um inevitável desejo no peito, uma vontade de te olhar nos olhos e responder o que queres ouvir. Mas não. A paisagem mudou, a viagem não se repete. Deixa que te admire à distância. Deixa que continue a deslumbrar-me com o teu sorriso. Deixa que guarde momentos mágicos naquele cantinho que é só nosso no meu coração. Deixa que sejamos amantes em sonhos. Deixa que o lápis na minha mão te descreva como sinto. Deixa que o silêncio abafe o que não é para dizer. Deixa...