À procura de certezas...

brotam caminhos de margaridas em cada primavera narcisos e lírios colorindo o campo flores nas árvores e passarinhos a chilrear por cada galho uma lembrança paira no ar o aroma da infância o doce dos beijos da avó periodo fértil em sensações outras recordações se levantam frutos jamais colhidos entre risos nunca esquecidos

O Mar. Preciso do Mar. Esse mundo onde perco o olhar. Esse mundo, essa imensidão, essa vida permanente, como a minha cabeça cheias de pensamentos e tormentos e sonhos. Sempre a balancear, a vida em ondas que tento surfar num débil equilíbrio... Ai, o Mar ! O cheiro, a espuma do rebentar das ondas como balões tocados por alfinetes, a suavidade com que a água recolhe após beijar a areia cansada de tanta pancada levar... Não me canso de observar esse movimento que embora repetido nunca é igual, e o som da sua dança torna-se um mantra no meu peito. É uma relação estreita em que o trago nos olhos podendo partilhar com ele momentos fortes. Tenho necessidade do toque, da envolvência do corpo, da imersão nesse mundo ativando cada poro da pele sedenta do seu sal purificante ! E torno-me egoísta e ciumenta, possessiva. Esses momentos têm de ser só nossos. Esse abraço imenso, esse envolvimento, e todos os preliminares que antecedem no silêncio da contemplação tão íntima, tão nossa... é (A)MAR.

Começo a ter certezas. Há uma tranquilidade em mim como nunca houve. Como um dia de sol depois de tempestade que até o mar acalma e fica translúcido. Como um fechar de olhos numa morte sem dor. Saber o caminho a seguir no cruzamento, sem sequer escolher. É O caminho. Lançar as sementes à terra na lua nova para colher na lua cheia. O amor foi lançado ao peito no inverno da vida e a felicidade já cresce no coração. As flores são os sorrisos e os frutos ... hao de vir.