Cada dia é um dia diferente. Nenhum se repete, nem o de hoje é igual a qualquer outro que tenha acontecido ou esteja por acontecer. Cada dia é único.
Eu sou diferente todos os dias e cada um. Nunca viverei duas vezes o mesmo momento, apenas o poderei recordar.
A mudança é evidente, constante, contínua, omnipresente. Até mesmo em coisas que permanecem.
Há pessoas que permanecem em mim apesar de já não fazerem parte da minha vida. Não sou a mesma que privou com essas pessoas em certa altura do meu Caminho. No entanto, tento ser a que procuram em mim. Umas vezes corre bem, outras nem por isso. Também eu já passei pelo inverso. Procurei um menino que embalei no meu colo e pensei encontrá-lo no corpo de um homem feito. Toda a magia daquele olhar de criança desvanecera-se nas amarguras que enfrentou. Encontrei o homem, não a criança. Tive outra procura de anos entranhada em mim; durante metade da minha vida procurei aquele nome em listas telefónicas, na net, nas ruas, habitava o meu pensamento em lugares e alturas impróprias...e encontrei. Encontrei aquele ser com todo o potencial de outrora intacto, mas também uma bagagem cheia de coisas pesadas, como uma âncora, que te deixa ir até ao esticar da corda sem arredares do local ancorado, nada mais. Pelo caminho, noutras almas alimentei a minha em troca de energia não que me sobra mas que me disponho a partilhar com quem me é especial. E em todas elas deixei um pouco de mim e sinto que pouco perceberam do que conheceram. Excepto uma dessas almas com quem nem preciso trocar palavras para sentir a sua presença. Como um abraço eterno de onde não se quer sair, uma ligação única inabalável, uma amizade plena que tudo aceita onde o tempo cronológico nunca nos fez perder e a distância não pesa. Que outras vidas teremos vivido ?... E quando a velhice chegar, com olhos cansados e lacrimejantes, olharemos os netos com um sorriso nos lábios enrugados porque temos ainda os nossos corações cheios de sonhos e esperança, acreditando que aproveitarão cada momento como se fosse o último.
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