Os anos passaram sem dó nem piedade. Mais de 50. A uma infância feliz, cheia de boas recordações, seguiu-se uma adolescência preenchida com amores e desamores com alguns anos dedicados a quem  não soube aproveitar. A fase adulta e livre, consciente e responsável q.b. condensou-se em uns míseros 5 anos. Chegou depois a época em que feliz me dediquei à família e ao que de melhor fiz no mundo, os meus filhos. Continuam a ser uma prioridade na minha vida e os melhores momentos (assim como os de maior preocupação) são passados com eles. O emprego foi uma necessidade - começamos a ter contas para pagar e queremos independência financeira - nunca foi algo que gostasse mesmo de fazer. O que gosto de fazer, faço-o com as minhas mãos, com amor, dedicação, sentimento. Felizmente hoje, depois de me afastar de situações, coisas e pessoas que nada me acrescentavam espiritualmente, faço o que quero dispondo da gerência total dos meus dias. Aos 15 anos pedem-nos que decidamos o que queremos fazer da vida... E é depois dos 50 que aos poucos consigo o que quero da vida. Uau, um pouco atrasada no tempo dirão alguns de vocês. Nunca é tarde para nos encontrarmos, digo-vos eu. Já não sinto necessidade de agradar a ninguém. O amor brota em mim naturalmente para quem o merece sem que espere nada em troca. A seu tempo o retorno se realizará. Já não me aperto dentro de roupas ou sapatos incómodos.Deixei de usar a prancha de altas temperaturas para alisar o meu belo cabelo ondulado. Tenho dias que nem me penteio. Às vezes apetece-me pintar as unhas, mas logo a seguir pinto-as de vida quando as encho de terra a tratar das minhas plantas. A minha roupa tem sempre algum pêlo da cadela. Amo-a tanto ! Tanta dedicação sincera! Pura! Ouço quem me procura - tenho tempo. Procuro quem amo e desfruto da sua companhia. Não sou escrava da casa - mantenho-a funcional. Tento não julgar os outros. Cada um saberá de si. Adoro o silêncio ou estar em plena Natureza. O mar acalma-me as emoções quando mais se exacerbam.Os pés descalços na erva molhada enraízam-me em cada passo. O sol dá-me a vitalidade necessária para todos os dias inspirar e encher os pulmões do vento que me corre no corpo. Sou uma árvore que muda a cada estação. E quando me vejo no espelho ainda vejo a tal menina de olhar traquinas embora rodeado de linhas de experiência, rugas que contam uma história que não tento sequer esconder. Sou eu, numa forma moldada pelo tempo de escolhas, umas mais conscientes que outras. Quero continuar a pedalar pela estrada da vida com todo o sabor de cada nova oportunidade. Bora lá, rumo aos 100 !!!

 

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